quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Em Portugal a inveja não é um sentimento, é um sistema

«Infelizmente para muitos bibliotecários a profissão não faz parte do seu projecto de vida, não é a vocação que os move, mas apenas um acidente que esperam enfrentar com resignação. Como quem coloca um casaco num bengaleiro colocam a sua presença em alguns metros quadrados da biblioteca esperando que o relógio marque a hora para recolher de novo o casaco e ruminar um lamento na monotonia do lar.

Se os indivíduos não sentem necessidade de pertencer a um lugar, se esse lugar não faz parte do seu projecto de vida, então não se pode esperar a transformação desse mesmo lugar. A biblioteca pública é o laboratório sociohumanístico mais interessante que o ser humano concebeu no planeta, no entanto, se não está nos planos de quem o habita é difícil pensar numa missão e numa acção dignificadora desse mesmo lugar»

In YEPES OSORIO, Luis Bernardo - Consideraciones políticas en torno a la biblioteca y la lectura. Colombia : Comfenalco Antioquia, 2007. ISBN 978-95898337-2-8

1 comentário:

Anónimo disse...

Amigos e família têm-me chamado a atenção para o site da nossa biblioteca municipal espicaçando-me a visitá-lo mais vezes, até porque uma das funcionárias da biblioteca é minha esposa.
Contudo, por falta de tempo não tenho privilegiado essa opção.
Mas eis que descubro hoje no local "biblioteca sem fronteiras", um "canal" muito interessante, em que o director, Dr. Sérgio, tem sistematicamente mantido para informar o público interessado nas questões socio-culturais acerca do enriquecimento formativo que está a viver em terras latino americanas, dando informação relevante que pode e deve ser aproveitada pelos senhores bibliotecários-feudais que vegetam no interior dos seus casulos mas distantes das comunidades, quais castelos amuralhados de difícil penetração.
O "figueiroense atento", cujo comentário li, afinal de contas é um “figueiroense desatento”. E porquê?? Porque desconhece todo o trabalho que aquela instituição tem desenvolvido nos últimos dois anos. Assim, convêm esclarecer esse “comentarista encapuçado”, bem como outros “desatentos”, que a nossa biblioteca está viva, mexe, remexe e recomenda-se. O seu director, para alem de ser um bibliotecário que não liga a protagonismos, municia-se de uma excelente equipa cujos elementos têm todos formação especifica para a "guerra" que travam. E que "guerra" é essa: fazer daquela casa um chamariz cada vez mais alargado, tornar a leitura "divertida", fazer daquele espaço um hábito de visita, diversificar-se em iniciativas, desmistificar a palavra cultura e distribui-la a todos. O nosso concelho tem características identitárias que urge dissecar para analisar: população concelhia, hábitos e ocupações quotidianas, povoações e numero de habitantes, classes etárias, interesses localizados, espaços frequentados (laboral e pós-laboral), formação académica e hábitos culturais, etc. Sei que existem estudos feitos assentes em bases claramente fiáveis e com conclusões muito claras. Mas tenho pena que esses dossiers, e outros, só apareçam nas mesas aquando das reuniões. São trabalhos muito interessantes mas muitas vezes apenas servem para alimentar o ego de quem os realiza, ascender na carreira profissional, ou como arremesso politico para calar oposições eleitoralistas, ou para preencher requisitos burocráticos para candidaturas comunitárias, e pouco mais. E daí nomear os três males que afectam a nossa administração pública:
1- Carreirismo profissional;
2- Burocratas "automatizados";
3- Falta de iniciativa pessoal, fazendo dos funcionários públicos autênticos monges estatais passivos.
Atenção que não quero cair na asneira da generalização, porque existe a excepção à regra, e um dos exemplos que aponto é a nossa biblioteca municipal e toda a sua equipa, a começar no seu director. Estou convicto, que muitos mais exemplos haverão por este país fora.
Assim, acho que o Dr. Sérgio deverá transportar consigo todos os ensinamentos captados na sua profícua acção de formação (é uma evidencia que ninguém pode negar), criar com eles uma "base de dados" que possam ser “cozinhados”e “transversalizados”com as nossas especificidades locais, discuti-los com a equipa que o apoia e propor à comunidade uma estratégia que faça da nossa biblioteca um verdadeiro “centro cultural”, e que comece a entrar nos “planos quotidianos” da vida das nossas gentes e dos nossos lugares.
E continue o bom trabalho, em que desobrigadamente, vai informando dos seus "passos" em terras colombianas. Força nisso. Conte comigo !

TÓZÉ SILVA e LIMA