quinta-feira, 8 de novembro de 2007

A Biblioteca Pública a que tribo pertence?

Cada vez mais bibliotecas começam a trabalhar a questão da memória. Há projectos de resgaste do património artístico, histórico, cultural, antropológico, etc. Por exemplo, a Biblioteca Municipal de Figueiró dos Vinhos iniciou um projecto de digitalização da imprensa local.

A Biblioteca COMFENALCO Belén foi protagonista de um projecto entre 1998-2000 chamado «Memoria de la Piel». Este projecto apoiou uma comunidade dividida pelo narcotráfico, a violência e as mortes causadas por esse mesmo narcotráfico. Realizado num bairro de Medellín, Bairro Antioquia, muito conhecido pela situação de violência e narcotráfico, foi realizado sobre o luto, o sofrimento e a revolta de uma comunidade estigmatizada. A partir da memória e das recordações e de um trabalho no terreno com as pessoas do bairro foi possível diminuir a violência e reconciliar gangs e famílias rivais.

La repetición acaba con la resistencia: declaración pública para construir una biblioteca

«La biblioteca debe enseñar a descubrir: Que tanto los bibliotecarios como los usuarios emprendan la tarea de explorar infatigablemente; es decir, de encontrar para después empezar a buscar, de buscar aunque necessariamente no lleguemos a encontrar - y darse la oportunidad de volver para no tener la desazón de encontrarnos con la última vez - y ello debe ser permanente, en los estantes, en la calle, en el hogar, en los recuerdos, en lo íntimo, en el paradero del bus, en la estación del Metro, en los programas y servicios que la biblioteca tienne en su comunidad. De esta manera el conocimiento estará en constante tránsito y renovación, y pondrá en permanente cuestión nuestro modo de vida, tanto para solucionar los problemas, como también para problematizar las soluciones. - Claro está que siempre habrá dudas sobre los hallazgos que dentro de la biblioteca se tenga, claro está que siempre llegaremos con temores a las incertidumbres, a las dudas - .»

ALVAREZ, William - "La repetición acaba con la resistencia: declaración pública para construir una biblioteca" In Algunas cosas nuestras : crónicas de Belén. Medellín : Alcaldia de Medellín, 2007. ISBN 978-958-44-0592-0

Biblioteca COMFENALCO Belén

Aqui ficam alguns dados estatísticos (valores aproximados):

Espaço: 700m2;
Fundo documental: 15 000 documentos;
Utilizadores inscritos: 8 000;
Utilizadores diários: 400;
Empréstimos anuais: 60 000 documentos.

Não podemos deixar o mundo como o encontrámos II

Se a Biblioteca Pública é um instrumento de inclusão e de cidadania, isto é, de combate à exclusão, de apoio aos mais pobres e carentes de informação e conhecimento não lhe basta estar aí de portas abertas. Toda a biblioteca pública que se limita aos serviços de empréstimo domiciliário de documentos, de utilização de Internet e de animação da leitura como a Hora do Conto é uma biblioteca amputada, incompleta, empobrecida. Pelo menos assim pensam os nossos colegas colombianos.

Após 20 anos do início da Rede Nacional de Bibliotecas Públicas as bibliotecas públicas portuguesas estão reduzidas a uma mera função cultural.

Quem se der ao trabalho de visitar algumas das nossas bibliotecas mais recentes encontrará belos edifícios, modernos e bem apetrechados. Todavia, a uma biblioteca não lhe basta um edifício moderno, dotado de excelente mobiliário e numerosos computadores.

A escolarização das bibliotecas, a obsessão pelo tratamento técnico (catalogação, classificação e indexação) e o excesso de actividades de extensão cultural (exposições, palestras, teatro, cinema, etc.) transformaram as bibliotecas públicas portuguesas em lugares apenas atractivos para uma minoria instruída e disponível para consumir bens culturais.

Onde estão as bibliotecas públicas nos bairros mais pobres de Lisboa, Loures, Sintra, Amadora, Almada, Porto, etc.? Quais são os servicos que as nossas bibliotecas públicas estão a oferecer a estas comunidades?