sábado, 17 de novembro de 2007

Congresso internacional - La Biblioteca Publica: um continente entre los continentes

Entre os dias 20 e 23 de Novembro Medellín será palco de um mega congresso onde se partilharão experiências bibliotecárias de América, Europa, Ásia, África e Oceania. Este congresso incidirá sobre as bibliotecas públicas como instituições que tem ganho grande relevância social em diversos países do mundo.

Aos mais cépticos e menos deslumbrados recomendo vivamente que dêem uma vista de olhos pelo programa do congresso. Estarão presentes alguns dos maiores especialistas mundais na área para falar de experiências e projectos de âmbito social em que cada vez mais bibliotecas públicas têm sido protagonistas.

1 comentário:

Anónimo disse...

A informação, enquanto matéria-prima do conhecimento, abre as portas a uma percepção mais assertiva da realidade e confere, deste modo, instrumentos fundamentais para nela intervir. Neste contexto percebe-se a importância da informação – seja ela técnica, cultural, cívica, jurídica, etc – para a formação de cidadãos e como factor gerador de competências.
Neste contexto, as bibliotecas públicas devem assumir o papel de interface entre a informação e todos os cidadãos. É isso que o Manifesto da Unesco sobre Bibliotecas Públicas espera delas. Por outro lado, as bibliotecas públicas não podem ter uma atitude passiva pois essa passividade é, ela própria, a antítese do que o Manifesto prescreve. Mais do que isso, a tarefa das bibliotecas públicas consiste em ter uma atitude pró activa, ir ao encontro das necessidades de informação dos cidadãos, e ser agente de ruptura do habitus – tal como o definiu Pierre Bourdieu - contribuindo deste modo para possibilidade de interrupção do ciclo de reprodução social. Tendo em conta esta atribuição das bibliotecas públicas, que as coloca obviamente no centro da intervenção social, resta saber qual a melhor maneira de a desempenhar. Este desempenho varia consoante o meio onde estão inseridas. Assim, para realidades sociais e culturais diferentes, os modos de intervenção serão necessariamente diversos; em Figueiró dos Vinhos a biblioteca pública não poderá agir como se estivesse na Colômbia ou em França.
O que se passa em Portugal, e creio que é para isso que o Dr. Sérgio Mangas quer chamar a atenção, é que muitos bibliotecários portugueses se esquecem da dimensão social da biblioteca pública preferindo gerir o quotidiano e as colecções, a preencher o calendário com meia dúzia de iniciativas de carácter mais ou menos cultural ou, na pior das hipóteses, a gastar energias, tempo e dinheiro num catálogo electrónico com descrições bibliográficas obsessivamente completas e que nenhum utilizador percebe e, muito bem, quer perceber.
A experiência que o Dr. Sérgio Mangas está a viver tem a virtude de mostrar que as bibliotecas públicas, mesmo num terreno tão difícil como é a Colômbia, podem ter um papel social tão importante. É assim que a entendo. Seria ridículo esperar que as bibliotecas públicas portuguesas agissem no terreno como agem as suas congéneres colombianas. O que isto não pode significar é que as bibliotecas públicas não ajam de modo pró activo, contribuindo para formar melhores cidadãos e para erradicar alguns males nacionais como o anonimato sórdido e a inveja que nivela tudo por baixo.
Objectivamente, espero que a experiência do Dr. Sérgio Mangas contribua para trazer para a sua biblioteca uma componente de intervenção social mais acentuada. Desde logo, lembro que um concelho como Figueiró dos Vinhos apenas possui uma biblioteca central que não chega a muitos munícipes que habitam em aldeias afastadas do centro urbano É tempo da biblioteca de Figueiró do Vinhos lembrar-se que os habitantes do município não são apenas os que habitam na vila.


Alexandre Freitas